A cerveja é uma das bebidas mais consumidas pelos brasileiros. Há quem diga que ela é amarga demais, e há quem não passe um dia sem ingeri-lá.
Sabemos que, para quem gosta, é difícil resistir e eliminar 100% o consumo, principalmente em encontros sociais.
Porém, para quem é diabético a história é um pouquinho diferente. Não existe essa de beber até cair, ou de beber como se não houvesse o amanhã!
Confesso que eu não sabia da gravidade que o álcool em excesso pode causar no nosso organismo, e principalmente no organismo de uma pessoa que possui diabetes.
Lembrei das vezes em que um amigo diabético ingeriu grande quantidade de álcool na roda de amigos, e se eu tivesse essa informação naquela época, teria dado uma chamada!
Tendo isso como exemplo, este post não é indicado apenas para alguém que possui diabetes, mas também para quem não é portador da doença.
Vem com a gente ver quando uma pessoa diabética pode, e quando não pode ingerir bebida alcoólica, e quais os principais cuidados que devem ser tomados durante a ingestão!
Cerveja para diabéticos
A diabetes é uma doença na qual o corpo não produz insulina - hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue -, ou não consegue aproveitar adequadamente o que produz.
Atualmente, segundo os dados da Federação Internacional de Diabetes, no Brasil há mais de 16,5 milhões de pessoas com a doença.
Doença essa, que dispõe de muitos cuidados, mudanças de hábitos e de algumas restrições alimentares.
Principalmente em festas de final de ano, encontros com os amigos e confraternizações do trabalho, é um pouco difícil se privar de alguns consumos, como, por exemplo, da bebida alcoólica.
Será que uma pessoa com diabetes pode ingerir o álcool, o que acontece com o corpo assim que a bebida é consumida?
Pessoas brindando com taças de cerveja. Por Fred Moon - Unsplash
Depois que bebemos, o álcool sai do estômago e vai para a corrente sanguínea, até chegar ao fígado.
Uma das funções do fígado é metabolizar substâncias, como o componente etílico das bebidas.
Quando ingerimos o álcool, o fígado inicia esse processo de desativação de substâncias. Porém, ele só consegue desativar a quantidade de 1 drink a cada 2 horas em média.
Então, se o consumo for maior que isso, o excesso de álcool permanece no nosso sangue, causando tontura, euforia, e outros efeitos que uma pessoa alcoolizada apresenta.
Além dessa função, o fígado também tem o papel de controlar a glicemia - taxas de glicose no sangue. Ou seja, quando ele percebe que o nível de glicose está baixo (hipoglicemia), ele direciona suas reservas para o sangue.
Mas agora, pense comigo: se você não consumiu nenhum alimento nas últimas horas e ingere bebida alcoólica, como que o fígado dará conta de exercer essas duas funções?
É por isso que ocorre a hipoglicemia, o fígado fica sobrecarregado e não consegue regular a quantidade de açúcar no sangue de uma forma correta, pois precisa ao mesmo tempo, metabolizar o álcool ingerido.
Porém, pelo outro lado, o consumo de bebidas alcoólicas pode estar acompanhado de certos alimentos, os quais geralmente apresentam um alto teor de carboidratos.
Como a bebida alcoólica também possui carboidratos, os níveis de glicose aumentam rapidamente, causando hiperglicemia.
Mas calma, não precisa se precipitar e pensar que nunca mais vai poder tomar cerveja na vida! Existem alguns aspectos que precisamos apenas ter uma maior atenção!
Afinal diabético pode tomar cerveja?
A resposta desta pergunta depende do nível da glicemia!
O álcool sozinho, não aumenta os níveis de açúcar no sangue. O problema está no açúcar que acompanha a composição das bebidas alcoólicas.
Uma latinha de cerveja, por exemplo, com 5% de álcool e 350 mL, contém, em média, 150 calorias e 13g de carboidratos.
Por isso, procure beber somente quando os níveis de açúcar no sangue estiverem controlados. Normalmente, o consumo de álcool é recomendado quando os níveis de glicemia estiverem entre 100 e 140 mg/dL.
Caso contrário, por um descuido, é muito fácil ter um quadro de hipoglicemia. E se isso ocorrer, é preciso ingerir algum carboidrato de absorção rápida.
Garrafas de cerveja. Por Freepik
Tome o cuidado para não confundir os sintomas, já que os efeitos por conta da bebida, são os mesmos da hipoglicemia, como tontura, visão borrada e baixa coordenação motora.
Converse com o seu médico e tire todas as suas dúvidas, ele irá lhe orientar de acordo com o seu caso.
Se estiver tudo ok e controlado, a Sociedade Americana de Diabetes recomenda o consumo de no máximo 1 drink por dia para mulheres, e 2 drinks por dia para os homens.
Portanto, considera-se uma dose:
- Cerveja: 360mL (uma lata pequena);
- Vinho: 150mL (uma taça);
- Destilados: 45mL (uma dose padrão);
Além disso, para diabéticos que irão consumir bebidas alcoólicas, existem algumas recomendações importantes:
- Não beba de estômago vazio, ou se as taxas de glicose no sangue estão baixas;
- Enquanto estiver bebendo, intercale com água, para manter a hidratação;
- Consuma álcool de preferência com comida;
- Não deixe de tirar todas as suas dúvidas com um médico;
- Não beba com frequência;
Para concluir, diabéticos podem sim, tomar cerveja, desde que prestem muita atenção na quantidade, e conversem sempre com o seu médico ou nutricionista antes de fazer o consumo.
Cerveja faz mal para diabetes?
A cerveja possui alto teor calórico, quantidade de carboidratos e índice glicêmico, o que indica que ela não é boa para o nosso organismo, certo?
Porém, alguns estudos dizem ao contrário. Uma pesquisa espanhola revelou que a cerveja possui componentes que podem contribuir no controle da glicemia e no combate à inflamações.
Segundo um estudo publicado no periódico científico American Journal of the Medical Sciences, a cerveja contém ingredientes nutricionais que ajudam a reduzir o risco cardíaco.
A bebida ainda possui mais proteínas e vitamina B do que o vinho, além de ser rica em antioxidantes o que ajuda na redução do risco de doenças cardiovasculares.
Também foi apontado a presença de polifenóis, compostos naturais que contribuem para o combate de doenças como a diabetes.
Copo de cerveja. Por Bence Boros - Unsplash
Porém, como nem tudo são flores, os investigadores destacam ser importante estar ciente que a cerveja só faz bem para a saúde se consumida com moderação.
Portanto, para quem não é diabético, o consumo de álcool em doses moderadas pode ajudar a prevenir a doença.
A indicação dos investigadores é a ingestão de até 14 unidades por semana, o que equivale a seis copos de 175mL, consumindo mais que isso, pode resultar em problemas para o fígado e outras doenças.
No entanto, o consumo de álcool não é bom para todos os pacientes diabéticos. Pacientes com sintomas causados por doenças nos nervos periféricos ou com hipoglicemia frequente podem apresentar a piora desses sintomas.
É claro que esses estudos são sujeitos a falhas metodológicas e que os resultados devem ser levados em consideração mantendo sempre a cautela!
Diabético pode tomar cerveja zero?
Se o problema é o álcool, então pode, né?! Não se engane em pensar que o único problema na cerveja para os diabéticos, é o álcool!
“Algumas bebidas alcoólicas, como refrigerantes de vinho, licores ou bebidas mistas que contêm refrigerante ou suco normal, podem ter adicionado açúcar. A cerveja também pode conter alguns carboidratos porque é feita de cevada e/ou outros grãos.”
Diz Erin Krusky, nutricionista registrada e gerente de educação e divulgação da Diabetes Canada.
Cerveja sem álcool da Heineken. Por Steady Drinker
Ainda, de acordo com as recomendações da Diabetes Canada, algumas cervejas sem álcool podem ter uma quantidade de açúcares notavelmente maior do que uma cerveja com álcool.
A bebida, além de aumentar a quantidade de açúcar ingerido, contribui para o aumento da massa gorda.
No entanto, no caso do paciente diabético, o não consumo de álcool, na maior parte das vezes, é a decisão mais certa.
Mas, lembrando sempre de consultar o seu médico, conferir os rótulos dos produtos antes da compra, e claro, moderar no consumo!
Diabético pode tomar cerveja puro malte?
Segundo os médicos, quanto mais malte tiver a cerveja, menos glicose ela terá!
Uma das cervejas mais consumidas pelos diabéticos, justamente por isso, é a da marca Heineken.
Porém, isso não significa que ela seja saudável. É importante testar a cerveja que irá tomar.
Segundo o Dr. Rocha, basta pegar o glicosímetro e fazer a medição da glicemia uma hora antes de tomar um, ou no máximo dois copos de cerveja.
Após tomar, faça novamente a medição. Se der acima de 140mg/dL é preciso ter cuidado com a cerveja, diminuindo a quantidade ou deixando de tomar.
Heineken puro malte. Por Allec Gomes - Unsplash
Outra opção também são as cervejas light, pois elas podem apresentar menos da metade da quantidade de carboidratos do que uma cerveja tradicional.
Ou então, cervejas low carb, como a Don’t Worry, lançada há pouco tempo no mercado brasileiro. Essa cerveja é zero carboidratos e foi criada em parceria com um médico.
Segundo os fabricantes, a cerveja é totalmente livre de açúcares e de baixo estímulo insulínico, sem interferir no sabor e na qualidade da bebida.
Porém, vale lembrar ainda que, mesmo nessas situações, é preciso ter cautela e manter a quantidade máxima diária de cerveja, viu?!
Qual a melhor cerveja para diabético?
Na verdade, não existe a melhor cerveja para a pessoa com diabetes, né? O ideal mesmo, é não ingerir!
Porém, a cerveja é uma das bebidas mais aclamadas pelos brasileiros, e como ninguém é de ferro, diabéticos acabam não resistindo às tentações.
É claro que algumas marcas de cerveja são mais indicadas do que outras, devido os seus ingredientes e as suas composições.
Dê preferência por cervejas que possuem o menor teor alcoólico possível, e que seja puro malte.
A cerveja puro malte é a mais indicada, mas apenas o malte, e não outros cereais não maltados (como o milho).
Muitas vezes é colocado o milho, por ser um ingrediente mais barato, porém, tem um índice glicêmico maior que a cevada e o trigo.
Cerveja puro malte Adriatica. Por Alept
Quem possui diabetes sabe que não pode consumir qualquer alimento, e o mesmo funciona para a cerveja.
Na verdade, a dica que daremos agora não serve apenas para diabéticos, mas também para qualquer outra pessoa.
Afinal, estará escolhendo uma cerveja mais “saudável” para o organismo!
Procure observar o rótulo que possui os ingredientes e a quantidade de aditivos químicos presentes, como conservantes, estabilizantes e antioxidantes naturais e sintéticos colocados na cerveja.
O ideal mesmo, é escolher marcas que tenham apenas os ingredientes básicos, como:
- Água: representa de 85% a 95% da cerveja;
- Malte: são os grãos usados na composição da cerveja;
- Lúpulo: como se fosse o tempero da cerveja, é quem traz o amargor e o aroma;
- Levedura: conhecida como o fermento da cerveja;
Se você conferiu o rótulo e encontrou, além desses ingredientes básicos, cereais não maltados, aditivos, conservantes e carboidratos, deixe a cerveja na prateleira!
A cerveja não precisa mais do que água, malte, lúpulo e levedura em sua composição, portanto, as marcas mais indicadas são: Heineken, Bohemia, Amstel, Stella Artois, entre algumas outras que também não possuem aditivos, excesso de carboidratos e conservantes.
Homem bebendo heineken. Por Daniel Wirtz - Unsplash
Conclusão
Todo mundo sabe que a diabetes se trata de uma doença séria e que necessita de muita atenção e cuidados.
A limitação na alimentação não é nada fácil de ser controlada, principalmente em ambientes sociais e datas comemorativas.
Ainda mais quando nos deparamos com bebidas alcoólicas, não é verdade? Não tem como resistir a uma cervejinha gelada de vez em quando!
De modo geral, a bebida alcoólica não é indicada para os diabéticos, pois alteram os níveis de açúcar no sangue.
O ideal é evitar, mas, caso você não consiga, procure consumir com pouca frequência, e apenas se o seu nível de açúcar no sangue estiver controlado.
Normalmente, o consumo é recomendado quando os níveis de glicemia estiverem entre 100 e 140mg/dL.
Consumindo a quantidade certa e seguindo as orientações do seu médio ou nutricionista, não será possível cortar por completo a cerveja da sua vida!
Eu espero que tenhamos ajudado você a entender um pouco melhor sobre a diabetes, e o efeito do álcool no organismo.
Caso você seja portador desta doença, não deixe de comentar aí embaixo nos comentários quais foram as orientações do seu médico de acordo com o seu caso, e qual a sua opinião a respeito da bebida alcoólica!